sexta-feira, 29 de julho de 2011
Amy
A morte de Amy Winehouse realmente parecia estar prenunciada há alguns anos, afinal foram dezenas e dezenas de textos na imprensa relatando barracos, bebedeiras, desmaios, brigas e idas e vindas a clínicas de reabilitação. Ainda assim é inegável que sua partida com meros 27 anos acabou nos pegando de surpresa. Talvez porque já estivéssemos nos acostumando a ideia de que ela era indestrutível como alguns ícones “do abuso” como Ozzy Osbourne, Keith Richards dos Rolling Stones ou Lemmy do Motörhead.
A maior tragédia para quem se importa mais com a música do que com a vida pessoas das estrelas é ter de conviver com o fato de que Winehouse produziu tão pouco. Mesmo se compararmos com outras vítmas da “maldição dos 27 anos” o legado dela é por demais pequeno - os Doors de Jim Morriosn gravaram seis discos, Janis Joplin quatro e Jimi Hendrix deixou tanto material que até hoje é possível compilar álbuns inéditos, por exemplo.
Mas apesar de ínfimo o punhado de canções que Winehouse deixou para a posteridade com certeza transformaram a música pop do novo século. Principalmente porque “Back to Black” se tornou um ítem cada vez mais raros nos dias de hoje, o álbum que agrada os públicos mais diversos.
Numa época em que os hábitos musicais estão cada vez mais individualizados é raro um artista ou álbum conseguri atravessar barreiras e Winehouse conseguiu isso. “Back to Black” conquistou não só o público jovem de todo o planeta (incluindo o americano, cada vez mais arredio a qualquer coisa que não seja local), mas também a crítica, a indústria (vide a enxurrada de Grammys que ela levou) e o consumidor mais velho, aquele que ainda compra CDs.
E ela conseguiu isso gravando basicamente uma atualização da soul music dos anos 60, uma música que estava praticamente esquecida. Talvez essa tenha sido a grande jogada dela (e do produtor Mark Ronson, não nos esqueçamos). Para os jovens aquele som definitivamente soava se não novo pelo menos inédito, e os mais velhos se emocionaram ao ver que sim, existia alguém na faixa dos vinte anos que ainda se importava com Dusty Springfield, Otis Redding, Aretha Franklin e os grupos femininos dos anos 60.
E se levarmos em conta que Amy Winehouse chegou lá sem fazer o tipo “gostosona sexy”, muito pelo contrário, seus feitos são ainda mais admiráveis.
A influência de “Back to Black” é facilmente visto nas paradas de hoje. Sem ela Cee-lo Green seguramente não teria chegado ao grande público e muito menos um fenômeno como Adele teria sido possível. Amy também revitalizou o mercado da soul mais tradicional. Isso pode ser visto no aumento de festivais dedicados á Black Music e ao aumento considerável de artistas negros veteranos nos grandes festivais, e até em um caso como o de Sharon Jones que conheceu o sucesso só aos 50 anos com sua “soul music á moda antiga”.
É por isso que agora é o momento ideal para nos lembrarmos não da Amy Winehouse ”barraqueira”, o ser humano que não conseguiu domar seus demônios mas sim da artista que por alguns momentos teve talento e foco suficiente para realmente mudar o cenário da música pop. o que convenhamos é tarefa para poucos.
Nesse especial o Vagalume relembra os grandes momentos da curta porém marcante carreira de Amy Winehouse. É a nossa forma de homenagear esse grande talento.
Vagalume
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